Brasília Palace Hotel
- Clay Rodrigues
- 23 de mar. de 2016
- 3 min de leitura
O Brasília Palace Hotel estreou antes mesmo da inauguração de Brasília. Foi uma das primeiras obras entregues da cidade junto ao Palácio do Planalto e a igrejinha Nossa senhora de Fátima. O projeto do hotel foi idealizado por Oscar Niemeyer, seguindo seu movimento moderno de arquitetura, com pilotis livres, formas leves, sinuosa vedação vítrea do salão, contraste entre formas curvas e ortogonais, leveza nas fachadas e para complementar painéis artísticos assinado por Athos Bulcão, tudo isso distribuído em 13 mil m².



O hotel foi inaugurado em 30 de junho de 1958. Com capacidade para hospedar 350 pessoas e o objetivo de receber comitivas que vinham conhecer as construções da futura capital. Nos anos 60 e 50 se tornou marca de estilo de vida em Brasília, por ser um local de festas glamurosas, shows importantes, encontro de bons vivans e principalmente por hospedar os principais chefes de estado, como a rainha Elizabeth, Indira Gandhi, Dwigt Eisenhower e Che Guevara. Para se ter uma idéia da importância cultural que o hotel teve entre as décadas de 60 e50 na cidade a musica “Água de Beber”, de autoria de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, foi ouvida pela primeira vez no bar do hotel, em um fim de tarde do mês de dezembro em 1959, além de hospedar o compositor e cantor Raul Seixas em junho de 1975.

Póliticos acompanhando a Copa do mundo pelo rádio no Hall do hotel.

Póliticos acompanhando a Copa do mundo pelo rádio no Hall do hotel.
Porem em 1978, um curto circuito que aconteceu no terceiro andar causou um incêndio grave que destruiu o hotel, deixando-o inativo por mais de 20 anos. Durante esse tempo arrastou-se uma negociação que durou mais de nove anos entre arrendatários e a proprietária (Terracap), na esperança de recuperá-lo. Nada foi feito, os anos se passaram e a memória de Brasília continuou jogada ali na beira do Lago Paranoá.
Em 2001 a organização Paulo Octávio assumiu o projeto de revitalização do Brasília Palace Hotel. Foram cinco anos de estudos, desenvolvidos pela equipe Paulo Octávio junto ao arquiteto Oscar Niemayer. O projeto inicial foi mantido, os painéis de Athos Bucão – no lobby do hotel e no salão de festas - foram inteiramente restaurados, apenas os móveis tiveram que ser substituídos por réplicas e os que sobraram ainda passam por restauração. Claro que certas modificações tiveram que ser feitas, como a retirada dos cobogós dos corredores, para eliminar o encharcamento causado em dias de chuva e adaptações básicas para acompanhar as novas regras de segurança e os avanços tecnológicos.

Painel assinado por Athos Bulcão no lobby do hotel e abaixo o painel do salão de festas.

O hotel foi reinaugurado em 2006, com a mesma classe e adequada aos novos padrões de hotelaria. Hoje o hotel tem 150 apartamentos Standards, 3 Suítes Masters e 3 apartamentos adaptados para atender deficientes físicos, internet banda larga, TV a cabo, ar-condicionado, cofres individuais, fechaduras eletrônicas, economizadores de energia, alta tecnologia em telefonia, circuito fechado de TV, automação predial, sistema de irrigação do jardim, e claro, sistema de detecção de Incêndio.

Traços modernistas do Hall comum a todos os hospedes e a piscina oval na área de lazer.


Banheiros e quartos reformados com adaptações tecnológicas e de segurança.
O hotel está funcionando e aos poucos vem tomando forças para ser o que já foi um dia na Capital. Até porque ao lado dele temos o hotel Tulip Brasilia Alvorada, antigo Blue Tree, que engole o Brasília Palace Hotel. Quem está no hotel percebe claramente que complexo de hotéis ao lado, interfere no projeto de Niemeyer e nos desejos para a cidade de Lúcio Costa, já que ele propunha no relatório do Plano Piloto fazer uma cidade monumental, mas livre de ostentação.

Reflexo do hotel Tulip Brasilia Alvorada na vedação vítrea dos salões.
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